Chegou ao fim o júri popular de um crime ocorrido há quase três anos que ainda é cercado de mistério e que chocou moradores de Agronômica, no Alto Vale do Itajaí. Após um longo Tribunal do Júri, nesta quinta-feira (30), marido e cunhado de Vanisse Venturi, desaparecida desde julho de 2020 e que teria sido vítima de feminicídio segundo o Ministério Público, tiveram suas condenações decretadas.
Segundo informações obtidas pela reportagem da NDTV, o Tribunal do Júri terminou com a condenação do marido de Vanisse, Isonir Venturi, a 24 anos de prisão pelo crime de homicídio no âmbito de violência doméstica, enquadrado como feminicídio, acrescido do agravante de motivação torpe, no entendimento dos juízes. Acrescida à pena, o marido de Vanisse deve cumprir mais 1 ano e 9 meses por participação no crime de ocultação de cadáver.
O marido de Vanisse chegou a ser preso durante uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em junho de 2021. O juiz do caso, Cláudio Márcio Areco Júnior, entendeu na época que havia provas do crime em razão de inúmeros detalhes do processo.
Já o cunhado de Vanisse, Isael Venturi, também foi condenado a cumprir uma pena de 1 ano, 6 meses e 20 dias em regime semiaberto, conforme decisão proferida nesta quinta-feira (30). Acusado de auxiliar o irmão na ocultação do cadáver que nunca foi encontrado até hoje, o cunhado de Vanisse recebeu o direito de responder em liberdade.
Certidão de óbito será lavrada e filho deve receber indenização
Mesmo com a grande repercussão do fato, o caso não possui um desfecho certo. Mesmo que Vanisse tenha sido declarada como morta pela polícia e promotores do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), ela não teve um cerimonial de despedida e a defesa dos réus chegou a levantar a hipótese de que Vanisse ainda estivesse viva.
Porém, no julgamento desta quinta (30), ficou definido que a mulher terá sua certidão de óbito lavrada, passados quase três anos do seu desaparecimento. Por causa da morte, o filho mais novo de Vanisse ainda deverá receber uma indenização no valor de R$ 1 milhão.
Relembre o caso
Conforme a denúncia do MPSC, o crime teria ocorrido em um galpão ao lado da casa em que Vanisse morava com o marido e os dois filhos, um de 12 e outro de 18 anos. Conforme levantado durante o inquérito policial, ela e o suspeito foram vistos indo até o local e ali ela teria sido morta após às 18h do dia 22 de julho de 2020.
Depois, o marido voltou para a casa da família e, após às 22 horas, teria retornado ao galpão para supostamente "preparar" o corpo que, mais tarde, foi ocultado pelo irmão dele. As investigações também apontaram que o cunhado de Vanisse se deslocou ao local durante a madrugada do dia 23, quando teria recolhido o corpo na residência familiar.
Motivação do crime
O Ministério Público ingressou com uma ação penal por feminicídio em agosto de 2021, após diligências cumpridas na casa em que morava Vanisse e o suspeito. Na época, a justiça acatou e converteu a prisão temporária em preventiva.
Além da prisão temporária, a Justiça também acatou a quebra de sigilo bancário e fiscal e o bloqueio de R$ 5 milhões, que seriam, conforme o MP, o valor aproximado que Vanisse receberia durante uma suposta separação judicial litigiosa, o que teria motivado a morte dela. O valor, conforme o MP, foi retido para garantir uma possível indenização dos filhos.
ND+