Produtores de leite do Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina, apelaram por uma solução para os problemas enfrentados pelo setor, que registra prejuízos com o custo de produção acima do valor pago pelo litro do produto. O assunto foi discutido pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa, durante audiência pública realizada na tarde desta sexta-feira (11) em Seara, no Oeste do estado.
Os produtores que se manifestaram foram unânimes em afirmar que a atividade corre sério risco, com a ameaça de abandono da atividade. Além da redução do valor pago pelo litro do leite, eles enfrentam o encarecimento dos insumos e a concorrência com o produto importado da Argentina e do Uruguai por um preço mais baixo.
"Queremos solução hoje, não amanhã", afirmou o vereador e produtor de Vargeão Wilson Frozza. "Trazer leite de fora é uma injustiça com os nossos produtores, é vergonhoso. Vamos mudar essa situação. Amanhã pode ser tarde."
"Nossa receita diminuiu", relatou Carlos Cassiano, produtor de Jaborá. "Tenho medo que nossos filhos vão sair da propriedade e vão ficar dívidas para as próximas gerações."
Valdemar Zanluchi, presidente do Sindicato Rural de Seara, reiterou que os preços praticados atualmente inviabilizam a produção de leite. "O produtor precisa de socorro", completou o presidente da Copérdia, Vanduir Martini, cooperativa que chegou a ter 1,8 mil produtores, número reduzido atualmente para 563.
Os produtores também pediram apoio das prefeituras e criticaram a carga tributária sobre insumos e equipamentos utilizados pela cadeia do leite. O ex-presidente da Alesc Moacir Sopelsa, que é produtor rural, lembrou que as dificuldades do setor são antigas e que só serão resolvidas com a união de todos os agentes envolvidos.
"O governo precisa apoiar o produtor, não só comprar o leite em excesso, mas dar incentivo na compra dos equipamentos", acrescentou Sopelsa.
Encaminhamentos
Presidente da comissão de Agricultura e proponente da audiência, o deputado Altair Silva (PP) cobrou do governo estadual a isonomia tributária com o Rio Grande do Sul e o Paraná, reivindicação da indústria leiteira. Ele também pediu a criação de uma política estadual para melhorar a competitividade do leite catarinense.
"Esforço da nossa parte não tem faltado. O que acontece são limitações e barreiras que impedem que as coisas aconteçam na velocidade que desejamos", comentou.
O presidente da Alesc, deputado Mauro de Nadal (MDB), afirmou que o assunto é complexo e sugeriu que o governo federal, além de realizar a compra de leite, dê subsídio para o produtor, em função da gravidade do momento, a exemplo do que outros países já fazem.
Fonte: Rede Web TV