Argentina registra inflação de 211,4% em 2023, a maior desde 1990

Por douglas wiggers em 12/01/2024 às 09:52:08

O Instituto de Estatística e Censos da Argentina (Indec) divulgou nesta quinta-feira (11) que a inflação no país atingiu 211,4% em 2023, marcando a maior taxa anual desde a hiperinflação de 1990, quando os índices ultrapassaram 1.300%. Os dados de dezembro revelam um aumento mensal de 25,5%, em comparação com 12,8% em novembro.

O resultado é reflexo das medidas adotadas pelo governo de Javier Milei, que assumiu o cargo no último mês. O país já enfrentava uma inflação significativa antes da posse de Milei, chegando a 148,2% no acumulado do ano até novembro. O atual cenário argentino é resultado de uma crise financeira e cambial, agravada por medidas como o "Plano Motosserra" e o "Decretoço", anunciados pelo governo.

O "Plano Motosserra" inclui desvalorização do peso, redução de subsídios e mudanças em licitações, contribuindo para a alta dos preços. O "Decretoço", que revoga ou modifica mais de 350 normas, visa reformar a economia e reduzir o déficit do país, mas enfrenta críticas e ações judiciais.

Em dezembro, as categorias que apresentaram as maiores altas foram Bens e Serviços (32,7%), Saúde (32,6%) e Transporte (31,7%). Ao atingir uma inflação de 211,4% em 2023, a Argentina supera a Venezuela (193%) e lidera a região em termos de inflação.

Medidas do Plano Motosserra

– Desvalorização do peso: US$ 1 passa a valer 800 pesos.
– Suspensão de novas licitações de obras públicas.
– Redução de subsídios à energia e transporte.
– Mínimo de transferências às províncias.
– Suspensão de publicidade governamental por um ano.
– Não renovação de contratos de trabalho com menos de um ano.
– Redução da estrutura do governo: de 106 para 54 secretarias e de 18 para 9 ministérios.
– Priorização de projetos sociais sem intermediários.
– Substituição do sistema de importações.

Decretaço

– Revogação de leis relacionadas a aluguel, abastecimento, gôndolas, compras, promoção industrial e comercial, entre outras.
– Transformação de empresas estatais em sociedades anônimas para facilitar privatizações.
– Modernização do regime de trabalho.
– Reforma do Código Aduaneiro para facilitar o comércio internacional.
– Revogação da Lei de Terras.
– Mudanças na Lei de Combate ao Fogo.
– Liberação do regime jurídico aplicável ao setor vitivinícola.
– Revogação do sistema nacional de comércio mineiro.
– Autorização para transferência total ou parcial de ações de companhias aéreas.
– Implementação da política de céu aberto.
– Modificações no Código Civil e Comercial.
– Desregulamentação de serviços de internet via satélite e medicina privada.

As medidas geraram controvérsias, sendo alvo de questionamentos judiciais, mas são vistas como parte de um caminho para reequilibrar as contas públicas e acumular reservas internacionais, apesar do impacto inicial nas taxas de inflação e atividade econômica.

Foto AP/Natacha Pisarenko
Fonte OCP News

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