No cenário nacional, ocorreram 14 alargamentos durante esse período, com mais dez projetados para os próximos anos no litoral brasileiro. Destaque para Itapoá, no Litoral Norte de Santa Catarina, que abriga o maior projeto do país, orçado em R$ 480 milhões e utilizando 12 milhões de metros cúbicos de sedimentos.
Em outubro de 2023, o Ecoando Sustentabilidade, projeto de pesquisa e extensão da UFSC, emitiu uma nota técnica alertando para as consequências ambientais das dragagens e aterros em praias arenosas. O grupo destaca o aumento dos alargamentos de praia no litoral catarinense e analisa os projetos à luz das mudanças climáticas e da erosão costeira, propondo atualizações normativas para esse tipo de empreendimento.
A nota técnica classifica como "errôneo" o argumento de que as obras nas praias têm impactos locais restritos, apontando impactos em áreas vizinhas, como a contínua liberação de material durante o processo de estabilização da berma da praia, além da contaminação da água e do ar por diversos poluentes.
O Ecoando Sustentabilidade baseou-se na análise das licenças ambientais de projetos de alargamento entre os anos de 2018 e 2023, abrangendo obras em Jurerê, Canasvieiras, Ingleses e Balneário Camboriú.
A nota técnica afirma que "em todas as praias alimentadas artificialmente têm ocorrido processos erosivos mais intensos, como mostram os degraus formados na orla e o desaparecimento de parte da areia de Balneário Camboriú".
Os autores da pesquisa também detectaram problemas em praias próximas às alargadas. Canajurê, localizada entre Canasvieiras e Jurerê, recebeu tanta areia que tem causado transtornos no embarque e desembarque de uma marina.
