A Prefeitura de Luiz Alves confirmou na tarde desta sexta-feira (3) o primeiro caso da Febre do Oropouche, causada pela picada do maruim. No dia 27 de março, a cidade decretou situação de emergência devido à proliferação do mosquito, que saiu da área rural, onde comumente é encontrado, e se expandiu para a área urbana.
Por meio de uma nota oficial publicada nas redes sociais, a Prefeitura informou que a Secretaria de Saúde da cidade recebeu a confirmação da doença feita pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública), o qual analisou uma amostra de um paciente luizalvense, sendo constatado a Febre do Oropouche.
"Desde a confirmação do primeiro caso no Estado, Luiz Alves e as equipes de saúde se mobilizaram para definir protocolos de atendimento e averiguação da doença e agora, com a confirmação no Município, novas medidas devem ser tomadas nos próximos dias. Seguimos monitorando a situação e acompanhando os casos", destacou em nota.
Além de Luiz Alves, o município de Botuverá, no Médio Vale do Itajaí, confirmou três casos da Febre do Oropouche no dia 26 de abril, sendo os primeiros registrados em Santa Catarina.
Conforme a Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde de Botuverá, os exames foram encaminhados para um laboratório particular, que detectou a presença do vírus no dia 25 de abril.
Os pacientes apresentaram sintomas entre os dias 10 e 15 de abril. Segundo a Secretaria de Saúde, o quadro clínico era semelhante à infecção por dengue.
O comunicado oficial ainda explicou que as secretarias acompanham a situação, verificando a possibilidade da validação do diagnóstico dos casos pelo laboratório de saúde pública de referência nacional, considerando a orientação do Ministério da Saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, a Febre do Oropouche se assemelha aos sintomas de outras doenças, como a dengue. Ambas as doenças podem apresentar sintomas semelhantes, como febre, dores no corpo e nas articulações, dor de cabeça e fadiga.
Conforme o Ministério da Saúde, a febre oropouche é uma doença causada por um arbovírus.
Não existe tratamento específico, mas o paciente deve permanecer em repouso e ter acompanhamento médico.
Podem ser prescritos analgésicos e antitérmicos comuns para aliviar os sintomas, que são muito parecidos com os da dengue.
A transmissão da doença não ocorre pela picada do Aedes aegypti (o da dengue) e sim de outros mosquitos, sobretudo pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim.
Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Se uma pessoa saudável receber a picada no mosquito infectado, ela pode contrair o vírus.
Eles se proliferam principalmente durante períodos de calor em ambientes úmidos, como em áreas próximas a mangues, lagos, brejos e rios.
Mas não são restritos a áreas rurais, estando presente em espaços urbanos com disponibilidade de água e matéria orgânica, sobretudo próximo a hortas, jardins e árvores.
Além disso, o Culex quinquefasciatus, uma das espécies popularmente chamada de pernilongo, também pode atuar como vetor.
Conforme o Cigamvali (Consórcio Intermunicipal de Gestão Pública do Vale do Itapocu), no início de abril, o Controlador Bioativo do Maruim entrou em fase de pesquisa, para ter sua eficácia comprovada em laboratório.
O consórcio foi iniciado em 2019 pelos municípios de Luiz Alves, Jaraguá, Guaramirim, Corupá, Schroeder, Massaranduba, Barra Velha e São João do Itaperiú, para poder investir em uma pesquisa que buscava encontrar um controle biológico para o mosquito.
A pesquisa teve início em 2007 e ocorreu através de investimentos financeiros realizados pela Amvali (Associação dos Municípios do Vale do Itapocu).
Segundo a Cigamvali, com o avanço da pesquisa criou-se uma fórmula de um defensivo que mostrou eficácia entre 75% e 90% na eliminação do mosquito, combatendo-o na fase de larvas e com a possibilidade de deixar a área tratada livre dele.
Em 2020, o Controlador Bioativo do Maruim foi distribuído gratuitamente pela primeira vez para aplicação em propriedades com diversas culturas, como a bananicultura e pecuária.
Conforme o diretor-executivo do Cigamvali, Ronnie Lux, a análise da eficácia do composto em laboratório irá durar aproximadamente três meses. "No início do verão será iniciada a segunda etapa com aplicação em três áreas distintas: bananal, palmital e área urbana", explicou.
Conforme o consórcio, cada litro do componente precisa ser diluído em 20 litros de água e reaplicado a cada 15 dias, a fim de evitar o desenvolvimento da larva.
Fonte: Rádio Educadora