JĂĄ aqui no Brasil, dados do Ministério da SaĂșde indicam que em torno de 1,2 milhão de pessoas tĂȘm a doença e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.
Nesta quarta-feira (21) celebra-se o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, criado pela Associação Internacional do Alzheimer. No Brasil, a data marca o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, instituĂdo para esclarecer os brasileiros sobre a importância da participação de familiares e amigos nos cuidados aos diagnosticados com a doença.
No caso do Alzheimer, um conjunto de neurônios sofre um processo defeituoso e começa a morrer. Como esses neurônios são justamente aqueles responsĂĄveis pela memória, o paciente começa a ter incapacidade para gerar novas memórias. "Começa o esquecimento relacionado a eventos recentes".
Pessanha explica que os primeiros sinais são identificados pela famĂlia e por amigos. "O indivĂduo começa a esquecer coisas, como o nome dos netos; começa a repetir a mesma pergunta vĂĄrias vezes; não consegue aprender coisas novas".
O Alzheimer é uma das formas de demĂȘncia neurodegenerativa que, geralmente, afetam os idosos, jĂĄ que trata-se de um processo lento e progressivo. Os sintomas começam, em geral, depois da sexta ou sétima décadas de vida. Para especialistas, a doença em jovens é muito rara e ocorre quando hĂĄ predisposição genética para a doença.
"O jovem, entendido como alguém na faixa de 40 anos, quando tem [Alzheimer], esse processo começa muito precocemente, porque é preciso muito tempo para essa disfunção se manifestar", diz Pessanha.
O especialista esclarece ainda que o Alzheimer não pode ser confundido com a demĂȘncia senil: "o cérebro envelhece, como todo o corpo envelhece. Alzheimer é a doença. Não é o envelhecimento natural do nosso cérebro".
O médico nuclear e membro titular da Sociedade Europeia de Medicina Nuclear, José Leite, conta que a medicina ganhou importantes aliados para a detecção do Alzheimer, como um teste de imagem não invasivo, chamado PET Amiloide Florbetabeno (PET-CT com Florbetabeno-18F). "O exame é capaz de fazer a medição do volume de placas beta amiloides que, quando acumuladas, interferem no funcionamento das células cerebrais e são consideradas como digitais do Alzheimer pelos médicos".
O exame é uma novidade no paĂs e importante porque potencializa o diagnóstico. Como é uma doença progressiva, quanto o diagnóstico mais chances de iniciar um tratamento correto para melhorar a qualidade de vida do paciente. "É muito importante porque, quanto antes tiver o diagnóstico, o médico pode tratar melhor, começar a medicar o paciente para que se reduza a velocidade com a qual os neurônios começam a morrer. AĂ, vocĂȘ eleva a qualidade de vida e o prognóstico do paciente melhora muito", avalia Pessanha.
Segundo Marcus Tulius, neurologista do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o novo exame é uma ferramenta para auxiliar no diagnóstico, mas, isoladamente, não é suficiente. "Ele fortalece a hipótese clĂnica. Possibilita a detecção precoce da condição e, juntamente com a avaliação dos sintomas existentes, é possĂvel tentar estabilizĂĄ-los".
Marcus Tulius destacou que a melhora da qualidade de vida do paciente com Alzheimer é propiciada quando se faz um tratamento mais precoce, "fazer com que a pessoa e a famĂlia se preparem para essa doença, apesar de saber que a doença vai progredir no futuro. Os medicamentos fazem com que essa evolução seja mais lenta".
O Alzheimer é uma doença sem cura e não hĂĄ uma prevenção comprovadamente eficiente. A prevenção consiste em manter uma atividade fĂsica e mental ativa, ler muito, escrever, fazer palavras-cruzadas, quebra-cabeças. "Quem ocupa o cérebro adia a doença", diz Pessanha.
Além dos estĂmulos mentais, hĂĄ evidĂȘncias cada vez maiores de que exercĂcios fĂsicos são benéficos para a prevenção e tratamento do Alzheimer. A atividade fĂsica regular, como por exemplo as caminhadas, não apenas protege contra alguns fatores de risco para o surgimento do Alzheimer, como hipertensão, colesterol alto e diabetes, como também traz benefĂcio na velocidade de raciocĂnio, favorece a manutenção da memória e ajuda na prevenção do declĂnio cognitivo.
Estudos recentes relacionam o Alzheimer com outras doenças e, por esse motivo, um cuidado com a saĂșde em geral pode adiar o desenvolvimento da doença. "A gente sabe hoje que Alzheimer estĂĄ ligado muito ao diabetes, à hipertensão, ao tabagismo, à sĂndrome da apneia obstrutiva do sono, a quadros de depressão. Então, se vocĂȘ precocemente trata essas situações, isso diminui o risco de o idoso, quando chega à terceira idade, desenvolver Alzheimer", diz Marcus Tulius.
O suporte da famĂlia ao paciente com Alzheimer é fundamental. "A pessoa estĂĄ com uma enfermidade. Ela não confunde o nome do neto, por exemplo, porque quer. Tento pedir que a famĂlia apoie, estimule, leve para o cinema, o museu, o teatro, leve para passear, tenha paciĂȘncia porque esses estĂmulos é que vão manter o paciente, por mais tempo, com uma qualidade mĂnima de vida para interagir com as pessoas", recomenda Pessanha.
Fonte: AgĂȘncia Brasil