Márcia Vei-tcha Teie, de 34 anos, moradora da Terra Indígena Laklãnõ Xokleng, morreu por conta de um suposto erro médico. Três meses depois de uma cirurgia para retirada da vesícula, no hospital de Ibirama, um pedaço de gaze foi descoberto no estômago dela, através de exames particulares.
Devido ao "corpo estranho" no organismo, o sistema digestivo ficou obstruído a ponto de ela sequer conseguir se alimentar. As dores e o desconforto eram constantes. Quando buscava atendimento médico, eram prescritos analgésicos e a Márcia voltava pra casa, na aldeia Bugio, uma das mais distantes da Terra Laklãnõ.
Após a descoberta da gaze no estômago, ela foi submetida então a uma nova cirurgia para reverter o quadro, mas contraiu sepse, não resistiu e faleceu no domingo (14). A família informou que vai acionar judicialmente o hospital. Márcia deixou três filhos. "Nada vai trazer ela de volta, mas alguém tem que responder por isso. Quem vai me ajudar a cuidar das crianças? Ela fazia esse papel", lamenta o companheiro, Acir Priprá, que é professor na Terra Indígena.
Questionada, a direção do hospital informou que lamenta profundamente o fato e que está à disposição dos familiares para demais esclarecimentos. Segundo explicação médica, como o material não é absorvível, o organismo cria uma reação inflamatória local e, dependendo da gravidade, pode haver perfuração de órgãos.